Foi numa tarde nublada de segunda-feira que ela fitou pela
primeira vez o seu olhar. Desconfiada, timidamente o encarava nos olhos, sem
que ele a percebesse, e algo ali, ainda que indecifrável, a inquietou.
À medida
que as horas daquela tarde de novembro se desenrolavam os dois foram se
descobrindo um tanto semelhantes, por um momento se denominaram irmãos gêmeos,
apesar das diferenças notáveis: ele com seu jeito sério másculo de ser, ela
calada e meio desconcertada.
A moça não sabe ao certo o que passou na cabeça dele naquele
primeiro encontro, mas ela conseguiu observar os pequenos detalhes que desde
então fizeram toda a diferença naquele relacionamento (até então incerto) que iniciou
ali, no dia 7 de novembro.
Ele: Olha, aqui tem açaí. Você gosta?
Ela: Gosto. Nossa, eu adoro açaí.
Ele: Eu estou ficando com medo de você. o.O
Ela: Medo de mim? Por quê?
Ele: (...) #silêncio
“Como é possível duas
pessoas tão distintas serem tão semelhantes?” ela se questionava enquanto ele
partilhava sobre a vida ou até mesmo quando o assunto faltava.
Aquele dia para os dois foi a porta para uma grande
história. Eles tornaram-se amigos e um mês depois iniciaram um relacionamento
de namoro. Para ele, no momento certo, para ela, um tanto repentino, mas isso
já não importa. O que realmente importa foi a história que eles construíram.
Ele de tudo fez e se esforçou para entrar no mundo dela,
caminhar junto dela e de uma forma muito natural, ele foi mudando e, sem
perceber, se tornando cada dia uma pessoa melhor. Ela a ele nunca disse, mas
essa resposta dele foi o que a fez continuar apostando no namoro durante todo
aquele tempo, pois a pessoa na qual, ainda que lentamente, ele foi se
transformando, foi justamente a que ela um dia sonhou pra si.
Certo dia, não sei o porquê, mistério de Deus, um teve que
se dispersar do outro... Não sei explicar, foi repentino, foi um desatino e ela
perdeu o prumo, o rumo e desde então nunca mais foi a mesma. Ele? também não.
Só sei que foi assim... Ele na sua razão de homem parece lidar tão mais facilmente
com isso e ela na sua sensibilidade de mulher, que tenta disfarçar, parece
hoje, pouco a pouco, se acostumar com o sofrer, pois não consegue perceber o
sentido de tudo e até onde há de se estender essa agonia.
Hoje, para ela, por mais complexo que possa parecer, esta canção resume tudo: “Assimila,
dissimula, afronta, apronta, diz: "carrega-me nos abraços", lapida-me
a pedra bruta, insulta, assalta-me os textos, os traços, me desapropria
o rumo, o prumo, juro me padeço com você! Me desassossega, rega a alma,
roga a calma em minha travessia, Outro ‘porquê’ “. À cada encontro, à cada visita, à cada vista, longe ou perto, abraço ou beijo, ela sempre volta
pra casa diferente e não quer ser mais a mesma.
VOCÊ me bagunça...
Dela ele roubou o olhar, a mão, coração.
VOCÊ me bagunça...
Dela ele roubou o olhar, a mão, coração.
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