O curioso da história é que ali, naquele mesmo lugar, há 1
ano e meio atrás, estava eu dentro de uma vã que atropelou um senhor que
travessou a pista fora da faixa de pedestres, acidente que me causou susto e
compaixão da dor daquele homem, distante dos filhos e netos naquele momento
inesperado e sofrido, acidente que lhe causou, dias depois, a morte.
À medida que meus olhos seguiam os passos daquele senhor em
plena Esplanada dos Ministérios, eu ia percebendo sua fragilidade, não somente
pela idade, mas como ser humano, o homem que sofre, que é marcado, mas que tem
grandes histórias pra contar, sejam elas boas ou ruins, enfim.
“Não tem nada mais que hoje” é o que de toda essa reflexão
me ficava. O hoje, o agora, o minuto presente, é tudo que eu tenho, nada mais
me resta se eu não tenho certeza que amanhã eu farei o mesmo trajeto e serei
telespectadora do pôr-do-sol do céu de Brasília. Não existem certezas, pois não
é garantido que amanhã o espetáculo da vida será, para nós, “vivo”.
Eu só tenho o hoje... Mas afinal, o que eu tenho feito dele?
Será que a minha vida tem feito diferença no meio em que vivo? Será que as
minhas palavras não passam de meras palavras que se perdem ao vendo? Será que
eu consigo sair de mim e ir de encontro àquele que, mesmo em silêncio, clamam
minha ajuda? Eu vivo ou sobrevivo?
Há certos questionamos onde as respostas cabem somente a
mim.
E você o que pensa disso? Não precisa responder, apenas
reflita.